O estudo da Ética na Inteligência Artificial (IA) surgiu da necessidade de abordar os danos individuais e sociais que as tecnologias de IA podem causar. Mesmo que de forma involuntária, ou seja, sem intenção premeditada de criar aplicativos que invadam a privacidade dos usuários, que sejam discriminatórios ou tendenciosos, essas soluções podem criar impactos sociais em áreas como trabalho, educação e saúde. A Ética na IA possui conjunto de princípios e valores que guiam o desenvolvimento, o uso e implantação da inteligência artificial e reforçam aspectos de responsabilidade, justiça, segurança e transparência. Um dos maiores desafios é garantir que os algoritmos sejam justos e não perpetuem preconceitos ou discriminações. Isso pode ser alcançado através de processo de qualificação e organização dos dados (curadoria), da análise dos dados que serão utilizados no treinamento dos modelos de IA e também a implementação de medidas para tratar possíveis vieses. A exemplo de outros países preocupados com o tema, no Brasil foi criada a Estratégia Brasileira de Inteligência Artificial – EBIA (Portaria MCTI nº 4.617/2021, alterada pela Portaria MCTI nº 4.979/2021). Na Portaria MCTIC nº 1.122/2020, a área de IA foi definida como prioridade, no que se refere a projetos de pesquisa, de desenvolvimento de tecnologias e inovações. Um dos objetivos da EBIA é contribuir para a elaboração de princípios éticos para o desenvolvimento e uso responsável de IA. Ainda sobre o tema, a norma IEEE (Std 7000 - 2021) aborda preocupações éticas, com o objetivo de mostrar que as organizações devem projetar sistemas de IA considerando valores éticos sociais, tais como transparência, sustentabilidade, privacidade, justiça e responsabilidade, bem como valores normalmente considerados na engenharia de sistemas, como eficiência e eficácia. O projeto de lei (PL 2338/23) que regulamenta o desenvolvimento e uso da Inteligência Artificial pelo poder público e sociedade em seu texto estabelece princípios, direitos, deveres e instrumentos de governança para IA. Entre outros pontos, propõe que o uso da IA deve fundamentar-se no respeito aos direitos humanos e aos valores democráticos, na igualdade, não discriminação, pluralidade, livre iniciativa e na privacidade de dados. Como princípio a garantia de transparência sobre o seu uso e funcionamento e cita a efetiva implementação de código de ética. É de vital importância que sejam criados controles que garantam que a IA seja desenvolvida e utilizada de forma ética para evitar consequências negativas aos cidadãos e sociedade. As preocupações com a dignidade humana e com a valorização do bem-estar humano devem estar presentes desde a prospecção (ética by design) dessas ferramentas até a verificação de seus efeitos na realidade dos cidadãos. No Serpro, guias corporativos estão em processo de evolução para a inclusão dos aspectos relacionados à Ética com elaboração de instrumentos como "Checklist de Riscos Preliminar", "Definição de Grau de Atenção dos Sistemas de IA", "Avaliação de Impacto Ético", "Avaliação de Impacto Algorítmico", "Mapeamento de Vulnerabilidades". Esses artefatos alinham a Governança de IA ao operacional, de forma antecipada ao marco legal Em respeito à diversidade, equidade e direitos humanos, com soluções de IA inseridas neste contexto e estabelecendo uma política de IA corporativa, o Serpro se mantém alinhado às orientações internacionais, à sociedade e ao estado brasileiro. Tratar valores éticos reforça o reconhecimento do papel do Serpro como promotor de bem-estar e progresso social. O projeto de Governança de Inteligência Artificial do Serpro (GovIA), criado em fevereiro de 2023, tem como objetivo principal a construção de arcabouço estruturante de Governança para IA incorporando os aspectos éticos, de segurança, transparência e de responsabilidade. Sendo mais uma iniciativa que direciona, previamente, o Serpro para a conformidade legal e ética exigida pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e para os preceitos do Marco Regulatório de IA (PL 2338), a Governança de IA é o caminho para que o Serpro se torne uma referência em IA não só em aspectos técnicos, mas também no processo de desenvolvimento, políticas e normas para a utilização da IA de forma ética, transparente e responsável, disseminando a cultura da ética e confiabilidade - IA Responsável. _______________ Sobre os autores
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